Tabaco

Diretora-executiva da ITGA diz que produção no Brasil é exemplo para o mundo

27 de fevereiro de 2023

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A diretora-executiva da Associação Internacional dos Países Produtores de Tabaco (ITGA, sigla em inglês), Mercedes Vázquez, esteve em Santa Cruz do Sul/RS e região nos dias 22, 23 e 24 de fevereiro, em agenda de trabalho visando conhecer mais sobre o sistema produtivo e a organização do setor no Brasil. Acompanhada pelo analista de mercado, Ivan Genov, ela esteve com produtores e representantes de empresas e de entidades ligadas ao setor.

A culminância dos diversos encontros e reuniões ocorreu com entrevista coletiva à imprensa regional na tarde de sexta-feira, dia 24, na sede da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Entre os temas abordados, Mercedes falou sobre os principais desafios dos produtores de tabaco no mundo e as expectativas para a COP 10 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco), que será em novembro de 2023, no Panamá.

A diretora-executiva da ITGA disse que a visita à região possibilitou conhecer mais detalhes do setor no Brasil, inclusive programas como o Verde é Vida, o Viveiro Agroflorestal e a Expoagro Afubra. “São trabalhos de excelência, não conheço no mundo programas como esses, tanto no campo ambiental como no social”, declarou. “E todos os projetos que conheci são de longa data, o que já mostra a consistência”, ressaltou.

Sobre a atuação da ITGA, Mercedes Vázquez lembrou que visa manter o setor que, mesmo sendo cheio de desafios, é muito organizado. “No contexto global, temos visto uma evolução que representa ameaça à produção, pois estão ligando o marco regulamentar aos objetivos sustentáveis”, contou, lembrando das tentativas de responsabilizar o tabaco por questões sociais e ambientais e de que há até estudos buscando ligar o setor a problemas climáticos mundiais. “E a agenda da próxima COP, só sai em agosto, propositadamente, para nos manter na sombra”, disse.

Ao ressaltar a importância de o setor se unir para tentar representação legítima na conferência, Mercedes destacou a necessidade de estratégias para levar as informações da produção ao conhecimento dos representantes de cada país. “As reuniões da COP são operadas por delegados do setor da saúde e as tratativas visam acabar com a produção do tabaco”, advertiu. “E tem o artigo 5.3 da Convenção-Quadro (de políticas de controle dos interesses comerciais), que serve de forma legal para manter o produtor fora das discussões”, lamentou. “A forma mais efetiva é fazermos uma campanha global, utilizar de forma apropriada as ferramentas que existem para levar esse contexto de conscientização da importância social e econômica aos governos”, propôs.

Sobre a pauta da COP 10, conforme a diretora da ITGA, possivelmente serão tratadas questões já inseridas em eventos anteriores, como diversificação, e que hajam debates de temas ligados a questões ambientais, impactos climáticos, de direitos humanos, novos produtos de tabaco e de rastreamento da produção. “Independente do texto, temos que estar atentos ao artigo 17 (da Convenção-Quadro), que afeta as pessoas que vivem da cultura”, comentou. “Os artigos 9 e 10, dos ingredientes, podem incluir novamente uma proposta de redução de nicotina e sabores”, alertou.

Além disso, segundo Mercedes, discussões antigas de conferências anteriores, podem voltar. “Em 2012, mesmo sem participação ativa, conseguimos a revogação da proposta de redução da área de cultivo, pelo controle da época do ano em que o tabaco seria cultivado no mundo”, lembrou. “No Brasil, são muitas pessoas envolvidas, o tabaco é bastante representativo em três estados e quais alternativas dão para quem vive da produção?”, questionou. “Os produtores no Brasil não têm que ter medo de defender o setor, pois são exemplo, líderes de práticas sociais e ambientais”, salientou.

MERCADO ILEGAL – Sobre o contrabando, um dos grandes problemas do setor no Brasil, Mercedes Vázquez lembrou que a COP tem um tratado de mercado ilícito. Nesse contexto, ela comentou ainda que o governo brasileiro não consegue controlar as fronteiras, deixando entrar produtos ilegais. “O governo tem que atuar com fiscalização eficiente”, criticou.

SAFRA NO MUNDO – A previsão para a próxima safra é de aumento na produção mundial, o que pode afetar o desempenho dos negócios brasileiros. Conforme a diretora-executiva da ITGA, o Malawi tem previsão de melhoria depois de uma queda no ano ado, o Zimbabwe está anunciando uma superprodução de mais de 300 mil quilos, os EUA apresentam estabilidade na produção do tabaco Virgínia e a China não divulgou perspectivas. “Os principais países produtores dão indicações que vão aumentar a produção, então a safra deverá ser maior”, projetou. “Produzir mais nem sempre são boas notícias para o setor. O equilíbrio é que é bom, pois desequilíbrio gera incertezas”, alertou.

ROTEIRO – Durante a programação pela região, no dia 22, Mercedes Vásquez e Ivan Genov tiveram encontros com a diretoria da Afubra, com a equipe do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco) e com representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e da Alimentação (Stifa). Já o dia 23 foi reservado para visitas a produtores de tabaco e à Unidade de Grãos e Parque da Expoagro Afubra. E no dia 24, ocorreram vistas às indústrias Profigen, BAT, JTI e Philip Morris. Após a entrevista coletiva, a diretora-executiva da ITGA seguiu para a Argentina (Salta), onde será realizado o ITGA Americas Regional Meeting, de 26 de fevereiro a 1º de março.

 

 

Texto: Jornalistas Cristina Severgnini e Luciana Jost Radtke/Fotos: Ana Luísa de Lara e Fabrício Murini

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