A Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA) promoveu hoje, 24 de março, o seu Encontro Regional das Américas, em Santa Cruz do Sul/RS, no auditório do Memorial da Unisc. O encontro reuniu, na parte da manhã, as delegações do Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Argentina e República Dominicana, autoridades locais e regionais e imprensa para um ciclo de palestras sobre o setor tabaco e outros setores agrícolas.
As boas vindas foram dadas pelo vice-reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Eltor Breunig, e, em seguida, o prefeito de Santa Cruz e presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (AmproTabaco), Telmo Kirst, apresentou os objetivos da entidade. “Buscamos a defesa do setor e para isso, trabalhamos em conjunto com as entidades, como Afubra e SindiTabaco. Precisamos o apoio de todos para que o Governo estabeleça ações efetivas contra o contrabando”, enfatizou o prefeito.
O presidente da Itga, o norte-americano Daniel Green, se disse honrado em estar em uma cidade que defende o tabaco. Ao apresentar os objetivos da entidade, Green destacou que ela estabelece a comunicação entre os países produtores de tabaco, combate as ações antitabagistas e discute a sustentabilidade do produtor. “Precisamos de medidas de apoio às famílias, uma discussão de alternativas. O que estamos vendo é um controle e eliminação do tabaco sem preocupação com alternativas”, disse Green. Ao falar sobre as demandas futuras para o tabaco mundial, o presidente da Itga destacou a importância de não aumentar a produção, a importância de acompanhar os impactos da Convenção-Quadro, a discussão sobre as alternativas para os produtos do tabaco (cigarro eletrônico) e como a saúde pública os vê e o contrabando. “Apesar do declínio, 5,5 trilhões de cigarros ainda requerem muito tabaco. No entanto, não podemos prever leis e temos que concentrar esforços”.
A segunda palestra teve como tema a demanda futura para os produtos agrícolas, por Valter Bianchini, Oficial Nacional de Programas da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) – Unidade de Coordenação de Projetos para a Região Sul do Brasil. Ele apresentou números da produção de alimentos no mundo e Brasil, apontando as potencialidades de crescimento do país em produção e exportação: vantagem competitiva nas carnes e cereais; crescimento do mercado asiático e africano; mudança na economia de produção dos biocombustíveis; depreciação da taxa de câmbio entre real e dólar. “Os grandes desafios, são: políticas de longo prazo e compromissadas; apoio ao crescimento com inclusão social; melhoria na infraestrutura (rodovias, portos, logística); investir em conhecimento, citando que o setor tabaco investe em assistência técnica; investimentos privados em agricultura; articulação internacional; tecnologias sociais/políticas para grupos vulneráveis; produzir mais com menos”, falou Bianchinni, ao usar a Expoagro Afubra como exemplo de demonstração de alternativas para as propriedades rurais.
O presidente do SindiTabaco apresentou um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) sobre a Sustentabilidade na Cadeia Produtiva do Tabaco, que mostram a qualidade de vida, a economia e sobre a propriedade fumicultora do Brasil. O uso de agrotóxicos também foi apresentado por meio de um estudo da Universidade de São Paulo (USP), que aponta diversos produtos, inclusive arroz, trigo/aveia, tomate e maçã, que utilizam mais agrotóxicos que o tabaco. “Foi um longo caminho para chegarmos a um uso mínimo de agrotóxicos no tabaco”, disse Schünke. Como desafios do setor, o presidente do SindiTabaco apontou a sustentabilidade do setor, as medidas restritivas, a Convenção-Quadro, o contrabando e a valorização social e econômica da cadeia produtiva.
O chefe-executivo da Itga, António Abrunhosa, abordou a Conferência das Partes (COP7) e as perspectivas para a COP8, e os Novos Produtos do Tabaco. “Estava prevista discussão sobre diversificação e nós, produtores, ficamos esperando para poder sermos ouvidos. E isso não aconteceu”, disse Abrunhosa. Ele enfatizou que é preciso acompanhar as decisões da COP7, principalmente quanto aos artigos 17 e 18 e 9 e 10 e preparar estratégias para a COP8, que será em Genebra, em 2018. Sobre o cigarro eletrônico, Abrunhosa revelou que o primeiro modelo foi criado anos 60. O equipamento foi evoluindo no decorrer dos anos. “A previsão é de expansão, mas enfrenta problemas com as legislações dos países”, explicou.
Jorn. Luciana Jost Radtke
Fotos: Junio Nunes