O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Albano Werner, participou hoje (16/06) da Reunião de Trabalho da Subcomissão em Defesa do Setor Produtivo do Tabaco e de Acompanhamento 10ª Conferência das Partes (COP 10) da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco (CQCT). A organização do encontro foi da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, num requerimento do deputado estadual Marcus Vinicius, e realizada na plenária da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul/RS.
Para o coordenador da Subcomissão, deputado estadual Marcus Vinícius, “podermos realizar eventos como esse, é oportunidade de escutar os que não tem voz em outras esferas. A união em torno da cadeia produtiva do tabaco é importante pelo retorno econômico e social que traz. O tabaco é uma cultura secular que ajudou a formar o País; temos que valorizar o que é nosso”.
O deputado estadual Elton Weber explicou que as reuniões de trabalho iniciam em Santa Cruz do Sul e irão ocorrer em Canguçu, Camaquã, São Lourenço do Sul, Venâncio Aires, Rio Pardo, Candelária, Barão do Triunfo, uma no norte do Estado e, a última, em Porto Alegre, em agenda ainda a ser confirmada. Após, o objetivo da Subcomissão é levar o tema em reunião com o Governo do Rio Grande do Sul.
O vereador Gerson Luís Trevisan, representando a Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, lamentou a propaganda que atacou o setor. “Vídeo maléfico que merece ser repudiado. Todos sabem a importância do tabaco para a região”.
Helena Hermany, prefeita de Santa Cruz do Sul, ao dar as boas-vindas, lembrou a importância dos produtores que, numa área pequena e dobrada, conseguem dar qualidade de vida às suas famílias. “Substituir o tabaco por outra cultura não é possível, pode ser complementação de renda”.
Ao fazer uso da palavra, o deputado estadual Edivilson Brum, enfatizou que “se os países fossem pessoas, o Brasil precisa de terapeuta para ser analisado, pois não é crível que um país com essa riqueza de terras e produção, tenha uma campanha publicitária contra isso. Só pode haver interesse econômico para que o Brasil deixe de produzir tabaco; já que 90% do que é produzido aqui é exportado; e mais de 50% do cigarro consumido aqui, é proveniente de contrabando”.
O deputado estadual Airton Artus disse que “o consumo de vários produtos tem dano; o que importa é a forma como é abordada e precisa ser sem conotação ideológica. Em ano de COP é importante levar informação aos Ministérios, mas, é preciso que o setor tenha o à posição do Brasil e às informações da Convenção”.
A deputada estadual Kelly Moraes, ao defender a importância de conseguir aliados na esfera política para a defesa do tabaco, disse que “estamos defendendo um produto legal e que é de grande importância para os municípios produtores. Não é fácil, mas estamos na defesa, sempre e precisamos convocar todas as esferas políticas”.
Marcelo Moraes, deputado federal, destacou que é o setor que abastece a economia da região; sem ele, os municípios não sobrevivem. “A Convenção-Quadro é um ambiente em que só pode falar quem discute o tabaco pelo âmbito da saúde. Quem defende o setor produtivo, é impedido. Temos um trabalho árduo pela frente. Estados Unidos e Argentina não são signatários da Convenção-Quadro. Porque isso? Esse combate à produção do Brasil só pode ter interesses econômicos”. Moraes sugeriu que a Subcomissão peça uma cadeira na recriação da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq); sugeriu reuniões também em Santa Catarina e Paraná; solicitação de recursos ao Governo Federal para a diversificação; e o combate ao contrabando.
O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, mostrou que, segundo pesquisa realizada pela UFRGS, 80,4% dos produtores de tabaco brasileiro pertencem às classes A e B, quando 78,5% dos brasileiros estão nas classes C e D. Lamentou que, na Audiência Pública em Brasília, o Ministério da Saúde não se fez presente por não terem dados referentes à COP 10. “É fundamental o apoio das lideranças políticas para que saibamos, com antecedência, a posição do Governo do Brasil na COP”.
Dados do Sul do Brasil (safra 2021/2022), apresentados por Werner, mostram que são 128.448 famílias que, em 246.590 hectares, produziram 560.181 toneladas de tabaco e tiveram uma receita bruta de R$ 9,53 bilhões. “Ao compararmos com outras culturas, como soja e milho, que são tradicionais na diversificação da propriedade fumicultora, o faturamento médio de um hectare de tabaco equivale a 6,52 hectares de soja e 6,85 hectares de milho”, revela o presidente da Afubra. Ele ainda apresentou números que mostram a importância do setor na participação na geração de empregos em diferentes setores, não somente diretamente ligados à cadeia, mas para outras, tanto no campo como na cidade.
Representando a Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (AmproTabaco), Guido Hoff lembrou a importância da entidade que reúne as regiões fumicultoras. “É preciso estarmos juntos na defesa da cadeia produtiva do tabaco”.
Sérgio Reis, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Cruz do Sul, representando a Fetag-RS, enfatizou que o produtor de tabaco precisa estar representando na COP e solicitou às autoridades governamentais que, ao representar o Brasil, tenham conhecimento sobre o setor. “Nossa diversificação existe em praticamente todas as propriedades fumicultoras; o produtor de tabaco sabe diversificar, mas ele precisa de financiamentos, de recursos”.
Presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul e representando a Farsul, Marco Antônio dos Santos, recordou as dificuldades que vem sendo travadas pelo setor do tabaco nos últimos anos. “Somos parceiros de ações que defendam o setor, tão importante para o Brasil”.
Dalvo Wink, coordenador regional da Secretaria da Agricultura do Estado, disse que “levará as solicitações ao Secretário para um acompanhamento efetivo “
O reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul, Rafael Henn, ao lembrar o objetivo comunitário da Unisc, colocou o educandário à disposição para somar à luta.
O vereador Silvio Neutzling, de Canguçu, disse ser inaceitável falar que não tem diversificação na propriedade fumicultora. “Somos uma cadeia legal de produção”.
Prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, enfatizou que é preciso trabalhar a defesa em Brasília. “Neste pais o tabaco é produção lícita. E, com o apoio de todos, conseguiremos virar esse jogo”.
O vereador Henrique Hermany, de Santa Cruz do Sul, disse que a criação da Subcomissão é positiva. “É importante todos estarmos unidos pela defesa do setor e pressionarmos Brasília. Não é possível aceitarmos campanhas feitas sobre desinformações”.
Presidente da Associação Comercial e Industrial de Santa Cruz do Sul, César Cechinato disse que “essa restrição à cadeia produtiva do tabaco é uma desinteligência econômica e social; é muito desconhecimento sobre uma das principais economias do Brasil. Há 134 anos tem uma folha de tabaco no Brasão de Armas do Brasil. Todos os setores precisam estar juntos nessa defesa”.
Vereador de Santa Cruz do Sul, Rodrigo Rabuske se disse indignado com o que se está vivenciando no setor produtivo do tabaco. “O que aconteceu no último dia 31 de maio é um desconhecimento sobre o setor, além de que, o tabaco é o que, muitas vezes, dá condições te se ter um prato de comida”. Finalizou conclamando os vereadores de todos os municípios produtores de tabaco a se unirem na defesa da cadeia.
COP 10 – Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP 10), de 20 a 25/11, e a terceira sessão da Reunião das Partes (MOP 3) do protocolo para Eliminar o Comércio Ilegal de Produtos do Tabaco, de 27 a 30/11, ambas no Panamá.
Jorn. Luciana Jost Radtke/Fotos: Jacson Miguel Stülp/Câmara de Vereadores SCS