As opções de diversificação na propriedade agrícola familiar vão além de novas tecnologias, estratégias e variedades. A inovação pode ganhar caminhos ainda mais diferentes. Por isso foram apresentados durante o 7º Seminário Regional de Turismo Rural, promovido pela Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), Emater/RS-Ascar e Afubra, na manhã de quarta-feira, 26, no auditório do parque de exposições, novos olhares sobre a gestão da vida no campo.
Durante a palestra, o técnico agrícola da Emater/RS de Gramado Alexandre Meneguzzo, e os agricultores e empreendedores Pedro e Zulmira Foss apresentaram aos visitantes O caso do roteiro Raízes Coloniais de Gramado. Antes, no entanto, foram chamados à mesa o secretário de turismo do estado do Rio Grande do Sul Márcio Cabral, o presidente da Aturvarp Carlos Corrêa da Rosa, o gerente regional da Emater/RS – Ascar de Soledade José Cláudio Motta, o tesoureiro da Afubra Marcílio Drescher e o secretário de turismo e cultura do município de Rio Pardo Charles Moraes.
Em seus discursos, ambos destacaram a importância da troca de experiências entre aquelas regiões que já vivem intensamente o mercado turístico e as que pretendem ou já iniciaram no ramo de forma tímida. Por isso entendem que há a necessidade de unir dirigentes, lideranças políticas, profissionais do ramo, empreendedores e produtores para possibilitar o turismo como parte do processo de desenvolvimento local e regional.
O presidente da Aturvarp Carlos da Rosa salientou a consolidação do seminário, que chega à sua sétima edição, durante a Expoagro Afubra. Para ele, discutir os projetos turísticos de âmbito regional é de extrema importância, além de reforçar a busca por alternativas de renda, nesse ano com foco no turismo rural, sustentável, cultural e gastronômico.
O gerente regional da Emater/RS-Ascar de Soledade José Cláudio Motta Evento afirmou a necessidade de investimentos na qualificação de toda a comunidade para tornar possível o turismo rural. “É um trabalho de excelência quando se consegue montar um roteiro e consolidá-lo. Ninguém faz turismo sozinho. Depende do coletivo para acontecer”, disse.
Em seu pronunciamento, o tesoureiro da Afubra Marcílio Drescher citou o turismo como alavanca de desenvolvimento da região. Para ele é preciso trabalhar de forma coletiva e saber valorizar o interno. “É preciso incrementar, trabalhar muito, buscar atrativos. Aqui na Expoagro possibilitamos esse momento para ensinar e aprender com outras regiões que já estão mais desenvolvidas no setor turístico”, afirmou. Da mesma forma, o secretário de turismo de Rio Pardo Charles Moraes parabenizou os organizadores pela realização do evento e se disse otimista quanto ao potencial regional.
Já o secretário de turismo do estado do Rio Grande do Sul Márcio Cabral, que fez questão de participar do evento, acredita nos benefícios da união do setor turístico com as cadeias produtivas agrícolas, sendo que ambos exercem papel fundamental para o desenvolvimento dos municípios. Durante sua fala destacou, também, a importância de trabalhar com planejamento e cooperação, além de buscar a singularidade e a identidade do produto turístico.
Apesar dos entraves, como alguns problemas de infraestrutura, Cabral observou um incremento na parceria público-privada e nas políticas públicas voltadas à temática. “O caminho é longo, mas devemos apostar no potencial. O mercado interno turístico, por exemplo, é o principal e os gaúchos representam 72% dele. Esperamos que o turismo rural seja de qualidade para todo o Rio Grande do Sul, não só para algumas regiões”, ressaltou.NA PRÁTICA – Em seguida, o técnico agrícola da Emater/RS de Gramado Alexandre Meneguzzo, e os produtores Pedro e Zulmira Foss, de Linha Bonita, no mesmo município, expam os desafios e as perspectivas do roteiro de turismo rural Raízes Coloniais de Gramado.
De acordo com Meneguzzo, o sonho era poder incluir o meio rural ao potencial turístico da cidade, o que se tornou realidade em 1998. “Agora, por meio dele e de muitos outros que surgiram, esperamos que os jovens valorizem suas raízes, assim como muitos idosos já o fazem”, afirma. Para isso, acredita ser necessário investir em educação para o turismo rural, mudar hábitos e trabalhar a auto-estima dos habitantes dos municípios.
O Raízes Coloniais hoje colhe os frutos. Em alguns meses, chega a receber 2 mil visitantes. O técnico agrícola revela segredos que tiveram papel fundamental para o sucesso. “Todo ponto precisa ter um atrativo e uma lembrança. O turista precisa sentir-se atraído. Por isso é bom que não haja produtos repetidos nos pontos de visitação e que seja dado novo aspecto a todos eles”, conta.
Filhos de agricultores, ao relatar suas experiências, Zulmira e Pedro Foss afirmam receber pessoas de todo o Brasil. “Eles não vêm só pela degustação realizada ao final do roteiro. Eles querem ver o nosso jeito, conhecer o que fazemos. Não é fácil tornar isso realidade, mas o produtor tem que querer fazer”, explica Pedro. Para Zulmira, a aposta trouxe mais que incremento na renda. Os filhos, que trabalhavam na cidade, voltaram para o meio rural com o intuito de auxiliar no projeto, uma vez que a mão de obra estava escassa.
No início, Zulmira lembra a falta de conhecimento sobre o assunto. Contudo, após várias reuniões, com o auxílio da Emater/RS – Ascar e muita força de vontade, os planos saíram do papel para ganhar a prática. Para tanto, visitaram outros roteiros e pensaram, em conjunto, em uma série de atrativos para mostrar aos turistas. Ao mesmo tempo, aprenderam a conciliar o trabalho na lavoura com o atendimento ao público.
Hoje a família é apenas uma entre as dez que trabalham diretamente no roteiro de turismo rural. Ele conta com visitação à casa centenária, moinho, ervateira, museu e, por último, com degustação de pães, queijos e salames, regada a muita música italiana, na residência dos Foss. “Tem que partir de dentro da gente. Eu quero fazer, eu quero mostrar, eu quero participar. E fazer dar certo”, acredita Zulmira.
Coordenadoria de Imprensa – Expoagro Afubra 2014
Jornalista Heloísa Poll
Reg. MTb. 16224
