Expoagro Afubra

Terceiro Fórum teve apresentação de projetos de diversificação

1 de março de 2011

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O 3º Fórum de Diversificação de Culturas e Atividades Rurais, realizado na tarde desta terça-feira, no parque da Expoagro Afubra, teve vários relatos de projetos de diversificação com produtores de tabaco e discussão de políticas e diretrizes para o desenvolvimento rural. Apresentaram projetos a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Emater-Ascar, Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS) e Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro). Já os representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do governo do Rio Grande do Sul falaram sobre as políticas governamentais de diversificação e desenvolvimento do setor rural.

O vice-presidente da Afubra, Heitor Álvaro Petry, apresentou o projeto de produção de biodiesel e alimentos a partir do girassol, financiado pela Secretaria da Agricultura Familiar do MDA, com o objetivo de pesquisar a viabilidade técnica e econômica e promover a diversificação de culturas. Para a pesquisa, foram implantadas lavouras experimentais em seis safras, de 2006 a 2011, com cultivo de 107 lavouras demonstrativas em 37 municípios e produtividade média de 1.434 quilos por hectare, com 37,800 litros de biodiesel produzidos. Petry relatou que já foram feitos testes em tratores, caminhonetes e motores estacionários e com o uso da torta na ração animal.

Como conclusões preliminares, já foi observado que não houve anomalias nos motores em função do uso do biodiesel e está sendo testada a forma correta do uso da torta para alimentar animais obtendo ganho de peso nos bovinos de corte e aumento na produtividade de leite. Como a pesquisa se aproxima do final, as considerações ainda não conclusivas são de que pode haver viabilidade econômica para o autoconsumo e de que ainda é necessário aprofundar pesquisas. “Existe domínio de processo de manejos operacionais e técnicos e que as parcerias são importantes para a cultura”, explicou.

O vice-presidente da Afubra também falou sobre o projeto de transferência de tecnologias de produção no plantio de florestas como atividade econômica que agrega renda à pequena propriedade. “Além do plantio, se procura tratar do manejo de áreas já plantadas”, explicou. Foram feitos dias de campo para socializar experiências e lançadas cartilhas. Outras ações da iniciativa se referem ao plantio de floresta consorciada com pasto para gado e ao beneficiamento da madeira para agregar renda.

Por sua ver, o vice-presidente da Fetag-RS, Carlos Joel da Silva, lembrou que, para fazer ações de diversificação, é preciso conhecer os produtores onde há intenção de propor a diversificação e conhecer a cultura que quer inserir. Além disso, Silva lembrou que é necessário reduzir a dependência da cultura do fumo através das culturas complementares e pluratividade na pequena propriedade. “Não se faz diversificação se não tiver técnicos em campo, junto com os produtores”, afirmou. Ele apresentou as agroindústrias como alternativa para vender produtos com valor agregado, em especial produtos orgânicos.

O diretor técnico da Emater, Gervásio Paulus, falou sobre alternativas da autarquia para diversificação das propriedades tabaqueiras. “O Rio Grande do Sul produz 50% do fumo nacional, em 342 municípios”, disse. E acrescentou que é preciso levar em conta que cada propriedade rural tem agroecossistemas complexos, com entradas, conhecimentos sobre diversos elementos específicos e saídas. Paulus apresentou as realizações da Emater com o incentivo à olericultura, fruticultura, produção de leite, agroindustrialização familiar e fomento ao turismo rural. “É importante estimular circuitos locais e regionais de comercialização”, disse. O representante da Emater salientou também que estimular práticas agrícolas com base ecológica é outro fator importante para promover a diversificação. Ele citou como exemplo de diversificação o município gaúcho de Dom Feliciano, onde os produtores estão diversificando com a inserção de avicultura colonial, piscicultura e florestamento.

Já João Pedro Zabaleta, da Embrapa Climas Temperados, de Pelotas, apresentou um trabalho de avicultura, com a criação de frangos coloniais com ração de batata-doce. Ele falou sobre o caso de agricultores do município de Mariana Pimentel, que usam alimentos alternativos para dieta econômica e mais nutritiva para as aves. “É uma forma de baixar o custo da avicultura colonial, produzindo ração com a sobra de batatas, que tem proteínas e amido”, explicou. “É resíduo transformado em proteína”, salientou. “Sem produzir carbono, nós estamos produzindo alimento, isto é favorável tanto ao meio ambiente como economicamente.”

O presidente da (Fepagro) Danilo Rheinheimer sugeriu que as entidades que realizam pesquisas e produzem conhecimentos técnicos façam parcerias para o fomento à agricultura familiar. Ele disse que, entre as funções do governo do Estado está fornecer genética para melhorar produção e o rebanho. “Vamos desenvolver genética animal em prol da agricultura familiar e, além disso, atuamos pela sanidade animal com o desenvolvimento de vacinas e vamos construir um laboratório de biossegurança para certificar a carne que sai do Rio Grande do Sul.”

E o secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Rio Grande do Sul, Luís Fernando Mainardi, falou sobre os desafios que o setor tem pela frente na busca de renda e disse que a primeira ação do governo foi a criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo. “Temos um papel de articulação para desenvolver políticas a partir da realidade dos dias de hoje”, comentou. “Investimento em tecnologia melhora a produtividade.” Sobre a fumicultura, Mainardi lembrou que o setor é responsável por R$ 2 bilhões em receita pública. “Nossa posição é de cautela e de combate a qualquer tipo de preconceito, pois é a renda que amplia a capacidade produtiva e é preciso dinheiro para enfrentar os problemas sociais.”

Em nome do MDA, a consultora Christianne Belinzoni apresentou as políticas voltadas à agricultura familiar, que buscam combater a pobreza rural e promover segurança alimentar e nutricional, sistemas de produção sustentáveis e geração de renda. “Em todas as ações é preciso investimentos, aporte de recursos, mercado e seguro”, disse. Lembrou que as pequenas propriedades produzem a maior parte dos alimentos consumidos, sendo que 84% dos alimentos são produzidos na agricultura familiar e em apenas 24% da área total. A respeito da produção de tabaco, ela salientou que o governo não quer proibir a produção, mas sim oferecer alternativas para quem quer diversificar. “Se sabe que o Brasil é o segundo maior produtor de tabaco do mundo e o principal exportador de tabaco”, comentou. “Como o mercado mundial aponta para redução, queremos oferecer opção de renda para aqueles que queiram diversificar.”

Comitê – Os representantes do Comitê Permanente de Diversificação para discutir e implementar ações na área de diversificação da agricultura familiar voltará a se reunir dentro de dois meses para continuar as discussões sobre os projetos apresentados na Expoagro. O comitê busca a inserção de novas atividades e culturas respeitando as características da propriedade, norteados pelos princípios de sustentabilidade econômica, social e ambiental. As ações do grupo também têm o objetivo de harmonizar a produção de tabaco com outras atividades complementares, estimular novos projetos e facilitar a interlocução entre as iniciativas de entidades e organizações no sentido de estabelecer colaborações e apoios.

 

Foto: Bertuol/Afubra

Coordenadoria der Imprensa – Expoagro Afubra 2011
Jorn. Cristina Severgnini
MTb/RS 9231

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